COMbART

O conceito de resistência tem estado na ordem do dia, sendo utilizado em discursos políticos e na linguagem quotidiana em relação ao ambiente e à sustentabilidade, à economia, à ação política, à cultura e à arte, assim como a diversas outras áreas da sociedade. Aliás, desde o início da pandemia da COVID-19, que a utilização do conceito de resistência se intensificou igualmente nos discursos mediáticos. Trata-se de um conceito amplamente aplicado e examinado no domínio das artes e no campo das ciências sociais e humanas. Peter Weiss escreveu, entre 1975 e 1981, o livro A Estética da Resistência, onde justamente debatia a relação entre política e arte. Se pensarmos em diversos movimentos contraculturais e subculturais, como o movimento punk ou mesmo a arte da performance, logo nos apercebemos da relevância deste conceito. Na verdade, a resistência tem estado associada à democracia representativa e direta, sendo empregue no contexto do sistema partidário e também em várias práticas ativistas e mesmo artivistas no campo do feminismo, do direito à cidade, nas lutas climáticas e anti-racistas e nos emergentes processos decoloniais. Na nossa asserção, o conceito de resistência interliga-se com várias, senão todas as dimensões da vida social, ancorando-se nos quotidianos individuais e coletivos. Associada à dimensão da resistência encontramos, frequentemente, condições sociais precárias. A precariedade, entendida similarmente numa versão multidimensional, remetendo para múltiplas esferas da vida social, assume-se como uma condição do sujeito contemporâneo, incidindo de formas distintas sobre diferentes grupos sociais. A precariedade laboral, a precariedade habitacional, a precariedade das relações sociais e afetivas, marcam existências, estilos de vida e identidades. É neste interstício que enquadramos esta chamada para comunicações, na vontade de perceber como se pode conceber o conceito de resistência(s) na contemporaneidade. Defendemos, assim, que a conceptualização do conceito de resistência depende de múltiplos entendimentos teóricos e empíricos, bem como das subjetividades das/dos investigadores e dos objetos de estudo.

A conferência COMbART tem-se constituído, ao longo dos últimos anos, como um fórum de discussão em torno das práticas criativas e artísticas engajadas. Entendemos que a arte, a cultura, bem como um conjunto de outras práticas criativas não enquadradas nestas categorias, podem constituir-se como campos expressivos com um papel relevante na forma como se constrói a cidadania na contemporaneidade.

A quarta conferência internacional COMbART é o resultado de um consórcio constituído por diferentes entidades. A organização envolve o Centro Interdisciplinar de CiênciasSociais (CICS.NOVA), o Instituto de História de Arte (IHA) e o Instituto de Comunicação (ICNOVA) da NOVA FCSH e o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto. São também parceiros deste evento a Rede Luso-Brasileira Todas as Artes (TAA) e a Rede de Pesquisa Luso-Brasileira em Artes e Intervenções Urbanas (RAIU). Pretende-se, assim, congregar um conjunto diversificado de saberes, de disciplinas e de artes, abrindo a apresentação de propostas a investigadores provenientes de áreas como a sociologia, a antropologia, a história, a história de arte, as indústrias culturais e criativas, a economia cultural, a geografia cultural e social, o planeamento urbano, os estudos culturais, as ciências da comunicação e disciplinas correlatas, tais como a ilustração, a música, a performance, o cinema, as artes visuais e performativas e as novas tecnologias.

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